quarta-feira, 14 de julho de 2010

A pensar...


Já me perguntaram quantas horas eu trabalho por dia. Não sei dizer... Acho que trabalho todo dia. Talvez umas 28 horas. Minha vida se confunde com minha profissão e vice e versa. Não há como dissociar as coisas. Mesmo dormindo, tenho insights que me auxiliam na melhoria do trabalho e da minha maneira de ser.

A "jornada de trabalho" definida por lei na nossa constituição (retrógrada), fala em 8hs diárias ou não mais que 44hs semanais.

Existe até um tal de Direitos do Homem que é de 1948 (uma época em que beijar engravidava) que orienta regular o período de trabalho pois seria algo essencial para o ser humano, seja pela ordem social, econômica ou biológica. Destaca ainda o artigo XXIV que "Todo homem tem direito a repouso e lazer, inclusive a limitação razoável das horas de trabalho e a férias remuneradas periódicas".

Trabalho, e trabalho bastante! Mas, existe uma relação que está mais ligada ao trabalho de um artista que pinta o seu quadro do que a de um bancário que olha no relógio de cinco em cinco minutos para verificar quanto falta para cumprir sua "jornada".

Pergunte a um artista quantas horas ele trabalha por dia! E diga a ele que seu trabalho não é trabalho! Já ouvi muito aluno (pré-conceituoso) dizendo: "Ahhh!!! Mas ficar dando aulinha todo o dia é uma barbada!" Nem comento... Sorrio!

Ontem um aluno querido me disse estar muito triste por que terá que parar de praticar! Disse-me ele que recebeu uma proposta de trabalho (muito boa) que o impede de ter um horário para praticar. Não vejo onde entra o "muito boa" nisso... Mas...
Ele é médico... Casado com uma médica... Provavelmente a nova proposta o auxiliará na ascensão social e econômica dentro da profissão. Mas... e como fica a sua vida?

Segundo a declaração de Helsink: "É missão do médico salvaguardar a saúde do povo. O conhecimento e consciência dele ou dela são devotados ao cumprimento desta missão".

E da saúde do médico? Quem cuida?

Nunca entendi essa dicotomia entre profissão e vida real. Parece que são mundos diferentes! Na época da faculdade tinha um excelente professor, médico cardiologista dos bons. Ele tinha ótima didática, era articulado, dava gosto de ouvir. No entanto acabava a aula e o cara saía para fumar um Marlboro com alguns alunos!

Não sei dissociar quando estou trabalhando ou quando estou de férias remuneradas... Essa é minha vida, exatamente como ela é.

2 comentários:

  1. San, poderia continuar escrevendo e contando de um outro professor, lembra? Que numa simples pergunta sua mudou pra sempre a sua vida.
    Os seus textos são ótimos, assim como você.
    Beijos, Naiana.

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